Rosele,
estou muito contente com sua participação, o assunto do qual você trata afeta diretamente também as universidades públicas. As condições de acesso ao conhecimento são diretamente afetadas pelo poder aquisitivo dos estudantes e isso aumenta o preconceito contra os que vem de classes menos favorecidas. Além disso, claro, mesmo com a preocupação que várias universidades tiveram em criar editais para compra e empréstimo de equipamentos e de acesso à rede, durante a pandemia, a forma como cada classe conseguiu dar continuidade a seus estudos também foi prejudicada. No meio universitário é comum que alguns alunos e alguns professores usem isso como indício de que essas pessoas com vulnerabilidade social não pertencem ao meio acadêmico, o que é mais uma forma de preconceito, para dizer o mínimo. Hoje mesmo soube que duas colegas precisaram comprar almoço para uma aluna que foi assistir aula sem ter tomado café da manhã e que só tinha o dinheiro para o ônibus. Isso aconteceu em função dos cortes, já que essa aluna era bolsista e ninguém recebeu as bolsas ainda. Mas muitos deles precisam tirar alguma mágica do chapéu para poder se formar, o que é lastimável. Mesmo se pensássemos meritocraticamente, seria um grande erro essa situação, pois, quem quiser, facilmente conhece mentes brilhantes entre os que vão a pé para a universidade porque o dinheiro do ônibus acabou antes do fim do mês.
Como você vê esse preconceito? Ele existe entre professores? Entre alunos de diferentes classes?
Muito obrigada,
Abraços,
Ana